JIMI ENDRICK
a vantagem de viver neste século
presente
é que a cada dia nascem zeuses
frutos de tempos improváveis
de guerras, ataques e achaques
mas também filhos da
diversidade de aromas e sabores
nos recônditos dessa peleja
lá nas províncias mais distantes
e mesmo na metrópole
e até mesmo dentro de casa
o cotidiano pode nos ofertar
uma cena de amor, por exemplo:
em bethel, o negríndio jimi endrick
espírito xamã, estende o tempo e transforma
a vibração de seis cordas
numa eterna idade sem fim.
num estádio, lá pros lados da zona oeste
lugar que já foi parque antárctica
hoje é allianz park
(amanhã, sabe-se lá)
o negríndio jimi endrick, bailarino
barroco, lírico e moderno -
desfila com sua esfera (terrestre? solar? celeste?)
debaixo do braço, debaixo dos pés
cumprindo seu destino de poeta
destino de pássaro
de sangue: xamã
poetas são poetas. e só!
tem aquele das pernas tortas, aquele calado
e o que cai
importa que toda poesia seja eterna
num espasmo de pupilas dilatadas
boca seca, veias abertas
coração esfuziante
na hora estridente do solo de guitarra
na hora do gol