instante de glória

da janela, o café, mas

também seus olhos de mulher,

jovem, bonita como a pedra

mais graciosa, no entanto,

nos olhos, a vida já lhe disse

o seu segredo: sou dura, um

tanto triste, mas não mato,

amadureço, portanto, no alambrado

deixo o medo

um olhar, um sorriso,

mas já não canto a esperança

de outrora: beijos alucinados,

línguas enlouquecidas, vapores

afortunados,

mas apenas a certeza que tudo se evapora,

pois na janela do café,

um naco de vida se enamora,

acordo cedo, não vejo o instante

de no relógio dar nove horas,

pois ali por um segundo, vivo

a infância de glória, o impossível

se faz possível, tudo é aqui e agora.

o prazer nos desfalece e tudo é

sem demora

Nem falo dos beijos, dos abraços

do grito amoroso, não me atrevo,

mas do jardim de um sonho, eu te

quero como as bocas querem os beijos

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 27/10/2022
Reeditado em 27/10/2022
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