quarto morto

daquele ano só uma

manha clara na memória,

onde eles dormiam, a solidão

era minha irmã mais colorida,

a fome, a saudade, a vida

dispersa entrando pelos buracos

na janela.

no meio da sala de estar

um menino abre os olhos,

um vulto, um cuspe no coração

do corpo, um tremor onde a luz

disse o indizível: nada além do

que está ali diante do mistério

depois, a noite, a longa

noite dos que não sabem,

a noite dos que para os outros,

desolada, mas quem nela habita

nada mais que um quarto morto

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 27/10/2022
Reeditado em 27/10/2022
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