O vento assobia
O vento assobia
Neste estranho anoitecer
Como que grita
Uma melodia
Que ecoa
Um ruído de fundo
Almas do outro mundo
A renascer
Já troveja
No céu há raios de luz e de cor
Numa promiscuidade
De belo e terror
O som dos morcegos
Em voo rasante
Ameaçador
Embora distante
É arrepiante
É é neste ambiente
Inóspito
Que de repente
Me vem à memória
O calendário
Dita a história
Que é a noite das bruxas
Dia de celebração
Há que pôr uma protecção
Disfarçar
Almas pairam no ar
De bondade ou maldade
Não se sabe
A regra é afugentar
Vou ao meu baú de recordações
Onde guardo tradições
A roupa de bruxa
Bem sucedida
No Carnaval
Hoje ninguém leva a mal
Lanternas de abóbora
É essencial
Com sarcásticos risos
Dispostos pela casa
Numa iluminação total
Já estou vestida
De forma arrojada
Tal como uma bruxa
Despenteada
Escuro é a tonalidade
Dá até uma certa sensualidade
E agora vou ter o prazer
De me sentar na vassoura
Acolhedoura
E viver
Uma viagem de sonho
Ainda que o ambiente
Seja medonho
Rodopiar no ar
Brincar
Fazer traquinices
E algumas tolices
Uma fantasia de menina
Para sempre recordar
É magia, é magia!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal