É de olhos fechados

É de olhos fechados

De gritos calados

Pestanas quebradas

Num manto

De aguas

Salgadas

Que te esqueço

Devagarinho

Percebo

Que não vales

Sequer

Uma lágrima cristalina

Recatada

Derramada

No lenço

Dos bordados

Requintados

Do meu carinho

E afagos

Percebo

Que não vales

As esperas

Das mágoas

Das Primaveras

Floridas

Perdidas

Em estações

Sucessivas

De encantos

Coloridos

Percebo

Que não vales

Os meus sorrisos

De alma

Despidos

Abertos

Caídos

Nos teus vazios

Desertos

Percebo

Que não vales

Os meus beijos

Ardentes

Fogosos

De lábios carnais

Quentes

Explosivos

Dados pelo instinto

Dos enganos

Emocionais

Percebo

Que os meus

Olhos

Já não encontram

Os teus

Foragidos

Que estamos perdidos

Um do outro

E as nossas bocas

Loucas

De amor

Quando se juntam

Já não sentem

O sabor

Percebo

Que tudo tem um fim

E assim

Te vou esquecendo

No oceano

Lento

Da saudade

E do tempo

Em honra

À dignidade

Que a mim

Devo!

Luísa Rafael

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Porto, Portugal