SOMBRA

SOMBRA

A sombra sumiu

Como se meio-dia fosse

Mas o dia é inteiro

Escrevo sem sair ao sol

Sou sem sombra de mim mesmo

Já fiz sombra

Hoje sou assombrado

Um medo um arremedo

Por roubos e brados

Que entram aos ouvidos

Invadem os bolsos

Aos borbotões

Já não falo com meus botões

Só há zíperes na boca

Cansada de pregar a muros

Tempos duros estes

De múltiplas vozes

Ladras e atrozes

Pregando-nos em cruzes

Iluminismo sem luzes

Trevas e avestruzes

É tudo que resta

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/10/2022
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