A MARGARIDA
Toda semana de Segunda a Sexta feira,
sempre naquele mesmo horário do dia,
eu passo de carro por aquela pracinha.
Com sol ou chuva, de qualquer maneira,
este meu pérfido coração até lá me guia,
diante desta sina que é somente minha.
Há mais de um ano o congestionamento
me levou a fugir das grandes avenidas
e por aquele caminho sem movimento,
onde varredoras ligeiras trabalhavam,
chamadas muitas vezes de margaridas,
com os transeuntes não se importavam.
Entre elas uma só me chamou atenção.
Era a mais meiga, alegre e charmosa.
O fascínio da orquídea e nobreza da rosa,
naquela margarida inebriou meu coração.
O pior é não poder saber o que ela sentiu
quando olhou para mim e, dengosa, sorriu.
Pouco tempo depois o transito foi alterado
e tornou as avenidas mais transitáveis,
sendo muito mais racional à elas retornar.
Mas com meu espírito assim fascinado,
prossigo pelos mesmos desvios inevitáveis,
só para aquela única margarida apreciar.
Aos Sábados e Domingos volto à praça,
mas como minha busca sempre fracassa,
pelos dias de trabalho eu fico a esperar.
Na mesma praça transito lentamente
e ela me lança aquele olhar intrigante,
com fulgurante ternura a me provocar.
Mas hoje quero definir a minha vida,
criar coragem e procurar a margarida
para minha louca atração confessar !
SP. 02/12/07
Fernando Alberto Salinas Couto