É NOITE
É NOITE
É noite
Árvores que aurorearam cantando
Agora são só silêncios
O céu que era luz
Agora é treva
Luzes artificiais
Apagam brilho das estrelas
Burburinho nos bares
Amortecem as tristezas do dia
Faróis incessantes alguns
Vão aos lares
Ao encontro dos pares
Menos os dos bares
Que bebem a noite
Buscando lençóis que os guardem
Aos poucos tudo vai morrendo
Sobram os trôpegos
E os que vão vivendo
A sombra da noite
Em canto qualquer
Com o inseparável e único
Cão que não late nem morde
Qual o dono que nem sabe
Se é dono de si
Que dorme largado
E vai acordar
Com as árvores cantando