BOATO

Um dia, os ventos sopraram mais forte

E derrubaram todas as torres da cidade.

Ficamos ilhados.

Longe, tão longe um do outro.

Veio também a chuva.

Um vendaval que foi aos poucos

Ou de uma vez destruindo os corações

E os corpos imprecisos.

Logo depois, quando estávamos

Nos acostumando novamente

À paz da vida comum, surgiu o

Boato do fim do mundo.

Morremos antes. Alguns, mais convictos

De sua santidade, foram para

Os templos e choraram, ajoelhados,

À espera.

João Barros
Enviado por João Barros em 19/10/2022
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