O primeiro amor
O primeiro amor
Apenas desfolhavam páginas que nada lhes diziam
Vagavam pela leitura que não conheciam
Com as mãos cheias de ternura iam acariciando os sonhos
Por entre as brechas dos espantos abriam os olhos risonhos
O imaginário desconhecido estava ali na palma da mão
Um mundo colorido que despertava o solitário coração
Cada página um mistério de letras a decifrar
Ser criança ensina a quebrar regras e inventar
Lado a lado foram crescendo lentamente
A leitura do olhar foi talvez a primeira semente
De um amor que começou numa cumplicidade inocente
Num calor de proximidade envolvente
Quantos amores não terão começado do nada que os abraçou?
Numa infância de cores esbatidas que o caminho separou?
Numa distância de toques prometedores que o destino das vidas não encontrou?
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal