Roleta Russa
Não posso me omitir/
De opinar/
Mas não me façam entrar/
Nesse bosque/
Porque há muito que cansei de acreditar/
Que esse gigante acordará/
E hoje pouco me importo/
Com o musical que aí está/
Eu so ouço calado/
Como um militar/
De guerra abandonado/
Sem sonhos/
Sem esperança/
Porque no ar/
Só há vingança, discriminação e ódio/
Só há essa ideologia duvidosa/
A renunciar a morte dos sem nomes/
Assassinados quando tudo se proibia/
Quando não se podia argumentar/
Com a sanidade dos insanos /
Quando eu dormia/
Quando eu comia da tua carne/
Me permita acreditar na ignorância/
De que às armas e o sangue /
Trariam a Democracia/
Quando eu adormecia sob o teu teto/
E vestia radical/
Falava sob vigilância de um mal/
E caminhava num fanatismo /
Por vezes, sem pensar/
Brindei a morte, de sul a norte/
Que eu defendia dia e noite/
Aí quando vi /
A máscara cair/
O riso ensanguentado/
Falso a descontrair/
Aí quando vi/
A corrupção assumir/
Me perguntei até onde eu podia ir/
Agora, só abro a janela/
Destravo a tramela/
Vislumbro o amanhecer/
Ouço o canto das vidas/
Vejo a luz do luar/
As flores exuberantes/
Porque sei onde o muro vai dar/
Mais uma vez/
Não vão se enganar/
Não assinem papéis/
Depois das falas/
Porque irão concordar/
E redecretar a miséria/
Como proselitismo político/
De cunho popular/
Já estou cansado desse lugar/
E o jeito que toda essa ordem vai dar/
É o caos que começa governar/
Aceitar essa mesa/
Será suportar a dor na garganta/
Sem poder gritar/
Filiando-me a essa ditadura/
Apática democrática/
De oportunistas colunistas/
Que nos oprimem a nos agradar/
Aceitar esse quadro/
Na sala de estar/
Seria sepultar ou repudiar/
Todos ensinamentos éticos e morais/
Que sempre ensinei/
Na minha república/
Se ainda há lugar pra amar/
Se ainda podemos voltar/
Nunca permitam excluir/
Da vida a essência/
De um amor fraternal/
Porque o que exceder ou deduzir/
Desse ideal/
Além de hipocrita/
É ser egoísta e desigual /
Esse mundo é perfeito/
Se ainda tem jeito/
Depende de nós/