Alma de escritor

Escreve com a dextreza minuciosa da mão

Transpira a sua natureza sob o comando do coração

Vai dando um pouco de si quando beija o sufocado papel

Suspira a emoção da amargura ou a doçura do mel

Caminha na lentidão das histórias amarrotadas do rascunho

Parte à aventura nas estradas abertas pelo próprio punho

Tem uma sensibilidade apurada numa criatividade imensa

As asas da liberdade para viagens em que não pede licença

Vive uma relação afectiva com a sonoridade da sua leitura

Tateia e acaricia a obra que bebe da maturidade na sua estrutura

Vagueia alegre com cada batimento em que a alma dita a escrita com ternura

Por entre as linhas sinuosas do momento faz amor com as palavras

Uma sentimento que luz cor aos olhos do leitor com as suas lavras

É a vida do escritor que se entrega no tempo e escorrega na vertigem das letras suadas

Luísa Rafael

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Porto, Portugal