À sombra da roseira refletida... bailando na parede, frisava um silêncio na delicada penumbra do quarto, invadindo fundo a alma, no seu instante melancólico. Os pensamentos enveredam diversos caminhos! Por mais força e verdades na entonação das palavras, elas enfraqueciam, assustando inconscientemente. 

 

As reais flores belas, lá fora avermelhavam a noite, enquanto sonhos pelo quarto entravam, sem convencer. O vento, à revelia corria pela casa, soprava as duras teclas. As palavras  escondiam-se tímidas, não se soltavam, enquanto ele apressado, fugia, fugia pela janela. A força não estava nos ventos, ou na vontade proibida, nem no prateado da lua, ou nas sombras das flores, antes estava nos sentimentos, ele sabia, estava na vida. Um silêncio interior, crescia numa estranha sensação de fim. No ar, aromas misturados, dos jantares nos lares...

 

a fome havia sumido, restando aquela sede, das mais antigas, a fixação, não se deixava confundir por dentro. De repente o silêncio foi invadido pela algazarra e gritos das crianças maravilhadas, correndo pela rua... fosse tão somente a claridade prateando a noite, mas não, havia algo à mais, por certo incompreensível, era a loucura, era a força da lua. Fantasias... Era uma vereda de folhagens e de flores, sol e sombra, com vento frio, pedras e pedras, vereda de riacho banhando os pés, descansados dos intermináveis passos...

 

vereda de encanto de amor e canto de pássaros, com grama farta e ervas,  de sonhos lindos para cair de vez em seus braços, onde às vezes me perco, outras vezes me acho... vereda sim, que só existe em minhas fantasias, onde viver esse amor me traz doçura, ilusão de felicidade, e para a minha alma, imensa alegria. Vereda dos anseios, caminhos dos desejos, céus de paixão, sem abraços e sem beijos, tem amores assim, sem corpo, sem voz, sem vez, mas que são reais, duradouros, e tão bonito, que rompe o impossível e adentra o verde, se perde pelas relvas, vai com os ventos e ama como quem busca o infinito, desses amores saídos do fundo da alma.

 

 

 

 

Era

 

Houve um tempo em que as minhas mãos, os meus pés e a minha mente estavam bem  acorrentados, por mais que eu quisesse alcançar o outro lado, por mais perto que parecesse, eu não conseguia... e aquilo ia me angustiando, cada vez mais me travando, existir parecia impossível. Era um tempo de solidão e de dor, que atrás foi ficando...

Porquê, um lindo dia o amor me fez abrir os olhos, facilmente as correntes que me prendiam se partiram, me senti feito um pássaro que encontra a sua gaiola com a porta aberta e olha o céu e o coração palpita de tanta alegria, desde aquele dia, nunca mais coloquei os meus pés no chão, a não ser quando preciso descer para comigo levar o meu amor para comigo voar, as minhas asas a cada dia criam mais vontade de voar, e a minha alma só quer amar.

 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 14/10/2022
Reeditado em 26/10/2022
Código do texto: T7627481
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