Roupas de guerra

Amanhece,e diante do espelho sem reflexos de esperança me visto com o rigor da política e poder.

As ordens e comandos surgem para empreender uma peleja onde direitos e deveres fixados no quadro negro de minha escola me dão um sinal definitivo num adeus a minha primavera.

A minha namorada que me aguardava diante de uma estrada sem endereço fixo.

Antes de seguir o comboio russo revejo minhas páginas de vida desde o ventre.

Talvez ainda visualize pela apertada janela desse blindado um resto de brisa acariciando meu rosto de soldado não criado pra matar.

Enquanto ajusto no corpo as rudes e frias fivelas que sustentarão o peso das balas sinto a presença de meu pai presenteando me com bom bons comprados logo ali na esquina, do vizinho.

Não tenho mais o direito de traçar nenhum caminho ou sonhar com liberdade ou retorno as raízes.

As sirenes me privam de tudo e exatamente me gritam pra adentrar no combate:Adeus!

Léa Silva
Enviado por Léa Silva em 13/10/2022
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