São segredos despidos
São segredos
Despidos
Que choram
Dos meus dedos
Elegantes
Esguios
E bem definidos
Outrora confiantes
Jorram fios
Pulsantes
Lágrimas púrpura
De sentimentos contidos
Esvoaçantes
De amores perdidos
Distantes
Que o meu coração
Procura
Em todos os instantes
Foram beijos prometidos
Corpos estremecidos
Em juras
Cantadas
Em noites escuras
Estreladas
Músicas iludidas
E adocicadas
De almas entrelaçadas
Em espaços
Cheios de nadas
Que nunca se abraçaram
E agora
Que foste embora
Num silêncio
Que lentamente
Me devora
E não me levaste
Nem sequer ficaste
Restaram
As rosas carmim
Na minha mão
De acolhimento
Encostadas
A mim
Ao meu ventre
Murchas
Tristemente
Ainda docemente
Acarinhadas
Com os espinhos
Encravados
Na minha pele
Sedosa
De cor marfim
Onde ninhos
De pétalas
Evanescem
Pela minha saia
Com o vento
E onde o olhar
Suavemente
Desmaia!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal