PRIMAVERA DE OUTONO

essa velha mesa curvada

em respeito aos versos

tantas vezes reescritos

um abajur aceso

folhas amarrotadas, uma delas vincada

por algum ontem

e esta outra, ainda inacabada

renascendo nas cócegas da caneta

os óculos debruçados sobre insultos

o frasco de perfume sem perfume

um cartão

livros acordados, outros que dormem e tantos

que perambulam de lembrança em lembrança

um diário!

a velha remington de teclas tristes

travadas

apagando-se

tudo como um sonho sépia

tripulado por uma luz

lua de 110 volts

em volta da sombra