Nas ondas da ilusão

Nas ondas da ilusão

Quebro a ventania nas minhas pestanas caladas e sombrias

Levo as lágrimas cansadas para as ondas escorregadias

Entrego a alma nua aos sabor dos ventos que foram tempestades

Anestesio a dor dos desalentos que flutua nos azuis dos mares

Descanso o tempo nas marés iludidas do pensamento

Danço com o vento nas espumas das águas perdidas em movimento

Vagas estendidas beijam os rochedos num fundo musical

Ondas sentidas abraçam o mundo e se espreguiçam nos segredos do areal

O orvalho difuso inunda a minha pele temperada de sal

O sentimento confuso abunda na água salgada de brilho astral

E do nada vejo a tua imagem desenhada pela mão quente da ilusão

É a semente do amor que amanhece no fulgor da imensidão

É o desejo ardente que o calor da prece com suavidade chamou

É o eco premente num sufocador beijo de uma saudade que não voltou

Luísa Rafael

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Porto, Portugal