RUÍNA
Moro sem sábado nem pipa,
criança de mãos patéticas,
isolado banco ensolarado
ri da rima no vazio de alguém!
Ruas presas atrás de cortinas,
minha vila é resto de projeto.
Medonho crisântemo sufocado
ressente-se do jardim de existir!
Em pés nas botas postas para morte
pedras caminham desalinhadas,
vitrificadas teias, cristais quebrados,
janelas fantasmas esbanjam vento,
balé insólito no ofício da vista
ruína acrescentada à arte da casa...
Em uma poltrona desmembrada
alivio angustias folheando livros,
dôo Neruda aos olhos e
entre flores e trigos, escapo!