NO TOPO DA VARANDA DO MUNDO
Da varanda do mundo
alguém observa de cima
a madrugada encobrindo a cidade
Nas ruas desertas de carros
fantasmas vagueiam pelas passagens
libertos dos vivos que agora dormem
no silêncio dos quartos apagados
Sonhos se esvaem e se dispersam
por entre as frestas das janelas
como vapores d’águas emanados
no condensar das nuvens vindouras
Da sacada de onde o mundo começa
se pode ver a cabeça dos bêbados
e dos demais parcos andarilhos noturnos
que insones, sequiosos e ávidos
buscam sugar os negrumes sobrantes
antes que o sol lhes devore a noite
quando o dia no horizonte despontar