Individualmente entre linhas

Eu sou tudo

banhada pela energia esquisita de outubro

Mas as vezes me sinto nada

como se fosse o fio cego de uma espada

que fica estranhamente satisfeita em ser desmembrada

Sou a heroína que vai, luta e batalha

mas as vezes rompo a noite empunhando uma navalha

Na arrogância me vanglorio de nada que realmente valha

Não admito que me aponte qualquer falha

apesar da minha conquista mal conquistada

e da prepotência na tentativa ineficiente de me sentir mais amada

Eu sou dona de proporções surreais

gero em mim a tormenta dos temporais

me distraio na devastação dos meus vendavais

A Calma entra voraz e antes de me ver partir, pergunta-me:

— Pr'onde vais?

Não sei, ainda estou procurando meu cais!

Sei que meu choro rouco vale ouro

pois quando lembro quem sou

recordo-me de onde vim e para onde vou!

Mesmo que perca meu cavalo e a cela

e que o Diabo me espere na cancela

com a mão aberta e no olhar a espera

Digo para mim:

— Sou uma Bruxa! Deixe-me pegar a vela!

Maldosa como sou,

sei que minha essência é feita de cianeto diluído em absinto

sinto

que sou capaz de embebedar com meu tom lírico

de confundir com meu riso cínico

e fundir minha vontade na carne se tenho afinco.

A Aristocrata
Enviado por A Aristocrata em 07/10/2022
Reeditado em 21/11/2022
Código do texto: T7622410
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