Individualmente entre linhas
Eu sou tudo
banhada pela energia esquisita de outubro
Mas as vezes me sinto nada
como se fosse o fio cego de uma espada
que fica estranhamente satisfeita em ser desmembrada
Sou a heroína que vai, luta e batalha
mas as vezes rompo a noite empunhando uma navalha
Na arrogância me vanglorio de nada que realmente valha
Não admito que me aponte qualquer falha
apesar da minha conquista mal conquistada
e da prepotência na tentativa ineficiente de me sentir mais amada
Eu sou dona de proporções surreais
gero em mim a tormenta dos temporais
me distraio na devastação dos meus vendavais
A Calma entra voraz e antes de me ver partir, pergunta-me:
— Pr'onde vais?
Não sei, ainda estou procurando meu cais!
Sei que meu choro rouco vale ouro
pois quando lembro quem sou
recordo-me de onde vim e para onde vou!
Mesmo que perca meu cavalo e a cela
e que o Diabo me espere na cancela
com a mão aberta e no olhar a espera
Digo para mim:
— Sou uma Bruxa! Deixe-me pegar a vela!
Maldosa como sou,
sei que minha essência é feita de cianeto diluído em absinto
sinto
que sou capaz de embebedar com meu tom lírico
de confundir com meu riso cínico
e fundir minha vontade na carne se tenho afinco.