Paradoxal paroxetina
Exigem mares que se abram, e dão com portas que se fecham
Desejam pães que multipliquem, mas roem espinhas carcomidas
Esperam lãs que simbolizem, trombetas áureas de derriba
Não veem, ouvem ou concebem, as maravilhas tão modestas
Exigem sarsas que se ardam, e dão com luzes que já cessam
Desejam Lázaros e Cristos, mas acham fênices em cinzas
Esperam cegos de nascença, com cuspe e pó qual trato em mirra
Não sentem, gozam ou constatam, prodígios, dádivas diversas
São cegos, surdos, mudos, parvos, mas que se arvoram, pavoneiam
De egos puros, chucros asnos, coiceiam tudo, o que está
Além de antolhos e cabrestos, sem atinar ao que já há
Tão livre e solto em qualquer venda; - Pequena pílula, dirás
Eu digo: - A cura que se engenha, o veio espesso jorrará:
A mente sã que vê o milagre, humilde feito na aparência.