NO MEU PAÍS...

- Neste dia 25 de novembro, para que a memória não esqueça. -

No meu país, resiste o verde da esperança

de a fome ter o pão, de a sede ter o vinho...

No meu país, a dor adulta da criança

ofende até a pedra inerte do caminho.

No meu país, vermelho é este sangue vivo,

brotando em borbotões de estigmas e feridas...

No meu país, não há nem céu nem lenitivo

que dê aos mortos paz e campas refloridas

No meu país, impôs-se um carnaval obsceno.

Os ritos são pagãos. O verbo é de mentira.

No meu país sem cor, só o lapuz delira,

em transes de estertor e taças de veneno...

No meu país não há nem flores, nem ternura...

Só há este jardim cansado de clausura .

José-Augusto de Carvalho

Viana do Alentejo * Évora * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 25/11/2005
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