NO MEU PAÍS...
- Neste dia 25 de novembro, para que a memória não esqueça. -
No meu país, resiste o verde da esperança
de a fome ter o pão, de a sede ter o vinho...
No meu país, a dor adulta da criança
ofende até a pedra inerte do caminho.
No meu país, vermelho é este sangue vivo,
brotando em borbotões de estigmas e feridas...
No meu país, não há nem céu nem lenitivo
que dê aos mortos paz e campas refloridas
No meu país, impôs-se um carnaval obsceno.
Os ritos são pagãos. O verbo é de mentira.
No meu país sem cor, só o lapuz delira,
em transes de estertor e taças de veneno...
No meu país não há nem flores, nem ternura...
Só há este jardim cansado de clausura .
José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo * Évora * Portugal