TRANSPARÊNCIA
Quem tem o olhar perdido na estação da vida que não foi,
Quem viu a festa desfeita, interrompida... a conquista adiada,
Quem não viu nada, mas ficou com as horas da vida marcadas,
Sabe que uma ruga e um tremor na voz...
Não dão conta do espanto do depois do fato,
Do desalinhar dos passos.
A destruição do ser é tão forte, tão intensa...
Mas ainda há flores e sol no inverno do ser só.
Emaranhados sonhos, ilusão de desmanchar o nó.
O que dói por dentro é o latejar do pensamento...
Talvez a saudade seja o chicote do tempo,
A farpa que incomoda e maltrata,
Castigo de uma memória inexata.
Ancestrais, descendentes: simples... gente!
Humilde ruína decadente pela cor do olhar,
Unidos pelo amor que falta!
MARILZA PEREIRA CALSAVARA
MDLUZ
05/10/2022