Ventania
Hoje eu tentei escrever,
Mas não saiu de mim nada além disso que sinto:
Esse medo infundado,
Um medo de ser nada.
Hoje eu preciso escrever,
Mas nada posso transmitir além dessa idéia
Que não me sai da cabeça:
De que eu sou pequena.
Eu preciso explodir em poesia
Mas a única poesia que consigo produzir hoje
São duas lágrimas inexistentes
E uma angústia que,
De contra vontade,
Tenta abraçar-me.
Tenho me sentido pequena
Diante dos acontecimentos da vida.
Dizer “adeus” quando na verdade
O que quero é dizer “fica conosco”.
Engolir o choro,
Quando o que quero é gritar minha dor.
Manter-me de pé,
Quando a ventania da incerteza e do medo
Passa levando tudo o que não seja eterno.
Eu sou guerreira, Deus Meu!
Sinto medo,
Mas não me entrego jamais.
(palavras desaguadas diante da perda de um ente querido em 07/01/2005)