O acaso
O acaso
Chegaste
Surpreendente
Com um sorriso
Quente
Desbravado
Das profundidades
E sentaste
Ao meu lado
Foi impactante
O teu olhar
Quebrado
Pelo instante
Aquele castanho
Dourado
Com uma lua
Poética
Ao centro
Com uma luz
Que vem de dentro
Tão tua
E uma doçura
De chocolate
Pousaste
O olhar
Na minha alma
Nua
Transbordada
No meu lábio
Escarlate
Aveludado
Com o sabor
Escamoteado
De poesia
Até parecia
Que já te conhecia
Na verdade
Não sei
Se chovia
Ou se o sol raiava
Se a tarde era fria
Ou se a ventania
Acalmava
Até o relógio cansado
Do ritmo apressado
Adormecia
Calado
Ficamos a sós
Tu e eu
No mundo
Solto
Em liberdade
Cruzamos
Vidas despidas
Linhas e letras
Enfim
Coisas de poetas
Alheios
E cheios de fantasias
E agora
Sem te ter
Ao meu lado
Resta em mim
Um silêncio
Defensivo
O eco da tua voz
No meu ouvido
O teu olhar
Encostado
Ao meu
Em segredo
E o medo
Do pecado!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal