AO DOCE ENVELHECER

Dá pra sentir que tantos anos passaram em cada poro, em cada osso, em cada respirar.

Percebemos a alma mais sábia e o caminhar menos rebarbado, menos trêmulo, menos sofredor.

Olhar as pegadas enche de prazer e mérito.

As medalhas mal cabem no peito, os calos e cicatrizes também.

Especialmente os calos e cicatrizes.

Saber que o tempo já sinaliza que vai findar, assusta um pouco e sugere desperdiçar menos passos, menos incertezas, menos quereres inócuos, menos tudo.

O tom da missão agora chama ao desfrute, ao degustar da colheita, ao nada fazer mais.

Passamos a olhar o entorno com mais carinho, cuidado e profunda atenção,

especialmente os frutos, reforçando a acolhida, o amor e o legado.

Assim vamos tocando o barco, até onde o rio permitir, quando passaremos

a ser saudade, exemplo e eco. Talvez tudo isso, talvez nada disso, vai saber.

Assim poderão baixar as cortinas e apagar as luzes do palco e plateia até marcarem a estreia da nova temporada.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 05/10/2022
Reeditado em 05/10/2022
Código do texto: T7620599
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