há no meu coração palavras tristes
há no meu coração palavras tristes,
imensa descrença,
doença
imperceptível a olhos sem luz.
houve um dia em que acreditei no humano.
mas sei agora um pouco mais sobre nós.
e somos demasiado humanos,
como dizia o filósofo;
arrogantes e fracos,
semelhantes e ingratos,
incapazes de ser sinceros
e egoístas.
assim é que somos e assim é a vida.
dá vontade a mim, como a você,
de abandonar tudo. mas não.
continuaremos.
persistiremos.
plantaremos flores, que morrerão,
porém colheremos perfumes
que se entoarão
em cantigas novas,
cheias de fé novamente.
porque somos falhos mas fortes,
irritados mas não coitados,
sentimentais mas também frios.
o sol que aquece, queima,
e a dor que nos derruba
é, ela mesma, a que reúne os cacos
de nosso espírito em fragmentação.
no fim, desistir é em vão
e sonhar será mais belo:
um mundo sem apego a coisas banais,
esse mundo, que seja só meu,
sem a perturbação de necessidades vis,
sem as atitudes senis
da tradicional imposição de poder
e de ideias.
sou grande,
e o que me faz maior
é essa pequenês caudalosa
que me habita infante
e apaixonada.