Serei o jardim pujante de mulher

Serei

O jardim

Pujante

De mulher

A florescer

Em mim

Simplesmente

Pelo meu querer

Sairão

Tulipas assim

Sem razão

Aparente

A aparecer

Sairão

De raízes

Entrelaçadas

Em mapas de estradas

Ladeadas

Por margens

De cor

Verdajante

Na pele das cicatrizes

Adubadas

Vindas de uma semente

De amor

A nascer

Abrirei

As flores

Ainda

Que o dia

Anoiteça

Ainda

Que o sol

De mim se esqueça

Ainda que o frio

Arrefeça

Abrirei

Talvez

De forma inocente

Alheia às contrariedades

As pétalas

Da minha nudez

Com os pólens

Das liberdades

Esvoaçantes

Em revoadas

Densas

Suspensas

Nas atmosferas

Em danças

Delirantes

De contente

Serei

O jardim

Idílico

Das borboletas

Das Primaveras

De tempo

Quente

E tu serás

Uma delas

A escolhida

A mais singela

E colorida

À minha volta

À solta

Em piruetas!

Luísa Rafael

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Porto, Portugal