Lamento
Lamento
Sou aquela que chora a saudade no dourado Estio
A lágrima suave num pranto silenciado na água do rio
A mágoa arroxeada no recanto do olhar calado
Marcada pelo desencanto do sonho triste mal fadado
A cruz e o calvário elevados aos céus das pálidas madrugadas
Com vista para o campanário das cálidas preces amarguradas
As noites que apareces numa visita sonante enluarada
A alma que grita o instante nas vestes da roupa desnudada
Sou aquela louca que chama por ti com a voz do ventre
No rubor evanescente de quem ama a sós no lençol quente
O sol de Outono diluído numa tela desbotada
Nada sei de ti nesta vida lamurienta arrastada
Mas se não vieres na sonolenta e descolorida madrugada
Foi em vão o meu lamento e eu não valho nada
Luísa Rafael
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Porto, Portugal