P R E C I O S I D A D E S (316)
NUM CARRO DE BOIS
Desde a infância, imortais, vós sonhadores sois !...
Vós, ó poetas, ouvis a sinfonia
que espalhavam na estrada, ao declinar do dia,
um velho, um carro tosco e dous morosos bois !...
Que véu d'opala e d'oiro em pó fino o cobria . . .
Como a se entrerroçar; inclinavam-se os dois !...
Pelas cercas à flor a luz inda sorria,
dulias de aroma à luz cantava a flor depois !...
Quando, a aguilhada ao ombro, o carreiro indolente,
deixava-me ir na caixa, agarrada aos fueiros,
de lá eu via o sol descer pisando, ao poente,
Espáduas colossais de deuses prisioneiros;
enquanto ouvia já passar furtivamente
as Dríades no vale, os silfos nos outeiros . . .