VAPOR

quero em vida perder o corpo

como fumaça poderia levitar

como energia poderia subir

como sinfonia poderia soar

porque é tanta a dor de estar presente

e a visibilidade não me poupa

sangro dia sim dia não

a ponto de perder a roupa

não quero ser água que ocupa

nem fogo que consome

muito menos terra que pare

e ainda assim sucumbe à fome

quero perder o contorno

abandonar a imagem

misturar-me ao pó

ser fuligem

porque é muita a dor de ser

e o estar não me alivia

me atrai a ideia de ser etéreo

como o amor a alegria