Ondas Lentas de solidão

Ondas lentas de solidão

As águas prateadas vestem o meu corpo molhado e frio

Despem as roupas cansadas e preenchem um espaço vazio

Desfilam em leitos de areias loucas atordoadas

Num abraço caloroso de espumas leves caladas

Um azul harmonioso reflete nas águas em espelho o céu

Nuvens imaculadas destoam com sombras de algodão o limpo véu

Sinto que o infinito está ao alcance da minha mão

Grito nesta aridez sonolenta a voz do meu coração

Voam pensamentos longínquos com as asas dos sentimentos

Rasgam os encantos dos firmamentos os meus olhos brandos de alentos

Deixo-me ir por entre as correntes sem tirar os pés do chão

São transparentes de uma limpidez sedosa estas preciosas águas

Azuis envolventes de aconchegos que respiram a minha nudez nas manhãs claras

Uma solidão acolhedora dos turbulentos desassossegos em sublimação

Luísa Rafael

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Porto, Portugal