Pelos atalhos do Outono

Pelos atalhos do Outono

Por entre as brechas dos arvoredos cansados

Espreitam segredos adormecidos ocultados

Luzes enfeitam as sombras em lugares dourados

Memórias repousam em tapetes sedosos

Descansam histórias nos meus olhares pardos saudosos

O vento acaricía docemente o meu semblante

Na sua melodia inquieta delicía o pensamento

Abraça a folhagem irrequieta petulante

Lá do alto do cinzento firmamento

Numa harmonia incerta retumbante

Acordam silenciosas recordações de Outonos

Desfilam emoções em peitos tristonhos

Imaginários e ilusões vertidos nas noites dos sonhos

Desmaiam folhas recortadas em leitos escorregadios

Ensaiam caminhos de monotonias e fastios

O colorido veste os destinos dos viajantes

Alheios à coloração em rotas quotidianas deambulantes

As folhas insanas enfraquecidas adormecem no chão

Pintado com os castanhos marrom em saudação

Caiem perdidas no desalento sem a seiva da pulsação

A aragem corrente tem o cheiro humedecido da estação

Uma brisa quente de um tempo perdido no Verão

As árvores despidas perdidas nos gemidos

Cantam as dores nos meus ouvidos

Quebradas pelos passos em atalhos desiludidos

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal