Já não sou...
Eu, primavera, já não sou. Mas vós, ó flores,
saibam que setembro chegou.
Revesti-o de belas cores!
Que eu, primavera já não sou, já não sou.
Eu, versar, já não verso. Mas vós, poetas,
acordai teus poemas, calados há tanto tempo,
as infinitas rimas!
Que eu, versar, já não verso.
Eu, sou agora o inverno recalcado.
Gelou todo meu ser…
Ah! Sol... Aquece tú as alfombras e jardins!
Que eu, sou apenas o frio.
Eu, setembro, já não tenho. Mas tu, setembro,
vem com teu verde,
prostra-te pela terra desmaiada!
Que eu, ter setembro, já não tenho.
Que eu, primavera, já não sou; já não verso; e amar...
Mas... Se não amo,
como é que, setembro em flor, te chamo tanto...
Não por mim, talvez, mas te chamo.
IMAGEM: eu