Nas asas da poesia
Nas asas da poesia
Tenho asas solitárias imponentes que se abrem no pensamento
Fazem rotas imaginárias como aves em trajectos frequentes no firmamento
Voam suaves com olhares vagos e circunspectos em reflexão
Rasgam os dias vulgares dos fados sem tirar os pés do chão
Tenho asas sumptuosas rendadas de uma beleza sem igual
De plumas sedosas imaculadas de uma pureza celestial
Entregam-se aos ventos dos desafios que a vida lhes oferece
Abraçam os momentos vazios vagando por onde lhes apetece
Tenho asas macias que aconchegam a minha nudez
Fecham-se envolventes no meu corpo reservado na sua timidez
Vestem-me nua os medos e segredos que guardo do passado
Num recanto cansado de uma abismo escuro e fechado
Tenho asas insanas com uma loucura saudável
Têm penas prateadas bordadas de uma ternura afável
Voam ao sabor das chamas da paixão em inquietudes serenas
Escrevem com o coração o amor em vibração nas linhas dos poemas
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal