Sentado, observado de terno

(I)

Refinado e de terno,

Sentado na poltrona

Lá no canto da sala,

Tenho a visão do inferno

Quando ele vem à tona

Co'a careza de gala;

Ele vem, senta à mesa,

E come enquanto fala,

Se engasga, como tende,

E se entope de vinho

Enquanto a prosa rende;

E ele mostra a avareza

Quando se vê sozinho,

E amputa a geladeira

Da cerveja e bolinho,

E nisso eu sento à beira,

Observando de terno.

De Lágrimas
Enviado por De Lágrimas em 24/09/2022
Código do texto: T7613316
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