Poemas minimalistas

LÁGRIMAS DESCALÇAS

A vida se esvai nos pés

descendo a ladeira das faces

As dores migradas...

Pago o pedágio pelos meus pecados,

mas sinto Deus nas costas

enquanto carrego minha cruz

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OUVIDOS MUDOS

O que os olhos escutaram

são segredos das cores.

O verde é meu país,

mas a falta de luz me faz ver que as coisas estão pretas.

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NOITE SONAMBÚLICA

A noite finge que dorme entre as estrelas

E eu finjo que sonho.

Cai orvalho debaixo das pálpebras...

É a morte dizendo que perdi mais um afeto.

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RESSURREIÇÃO

Um pedaço de pão molhado no vinho.

Dor no peito, morte certa.

A noite me assusta,

mas de manhã vou permitir que testemunhas me vejam sair do meu túmulo intacta

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MÃOS

Dedos que servem de abrigo a artrose

já foram rápidos na datilografia,

constantes nos afetos.

Hoje apenas dedos que rimam com medos.

E tudo passa num estalar de dedos

Wanda Cunha Cadeira 16 Patrono Ferreira Gullar
Enviado por ABLAM em 20/09/2022
Código do texto: T7610564
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