GUERRA
Tenho duas mãos
E carrego comigo os mortos
Sepultados em solo profundo
Sorriem com meu auxílio
Ajudo-os embora mudos
E receio que ao fechar meus olhos
Sou um deles
Por quem luto.
Tenho estas duas mãos
Totalmente vazias e calejadas.
Amparam cada lágrima
- as minhas, as dos meus irmãos –
Que cai sobre terra sanguínea.
Fecunda este humus
Com o sopro da memória
Para que não morram, meu Deus,
Não morram...