Filho da Droga?
Nasceu o rebento, que infinita alegria
Era o segundo parto, na ordem de suas vias
Todos vinham visitá-lo, pra cumprir a cortesia
Mas distante ia o fato, como o pequeno seria.
Foi crescendo saudável, pai e mãe em parceria
Davam-lhe todo alento, com formosa simpatia
Eram todos carinho e cuidados, porém ninguém sabia
Que com o passar do tempo, muita coisa ocorreria.
Foi crescendo opulento, na aparência e no querer
Quanto mais os pais faziam, muito mais tinham a fazer
Só usava roupas de grife, e calçados importados
Carro dos pais capotava, contas bancárias fechava.
Nunca soube quanto custava, cada café, almoço e jantar
Nunca soube dar valor, nos lençóis que se deitava
Aos amigos se juntou, numa funesta jornada
Queria cheirar o pó, pra curtir uma fachada.
É só curtição do momento dizia, afoito na empreitada
Amanhã é outro dia, não preciso mais de nada
Só não previa o ingrato, que esta droga é cruel
O leva rápido à euforia, logo em seguida provar o fel.
Hoje vive uma gangorra plena, quer ser gente de respeito
Uma semana semeia dor, outra chora o mau feito
O trabalho sustenta o vício, mas às vezes ele estrapola
Vende o que não lhe pertence, pra cumprir sua desforra.
Até onde a droga leva, ali vai o menino esperto
Hoje não liga pra vida, vê no mundo um deserto
O amanhã sem futuro será, a droga que ali entrou
Nunca perde só tende a ganhar, pobre jovem, vacilou!
O amanhã jaz num corpo, jovem de longa estrada
Fechou os ouvidos para os pais, e logo morto estará
Que pena, que dissabor, ele um jovem tão bonito
Mas não soube dar valor e viver um caminho infinito.
Hoje, numa volta vai saber, que sua cota não consegue pagar
Buscando alternativas, vai furtar, roubar e matar sem saber que
Secará um futuro brilhante, entre os dedos deixando escorrer
Quem não sabe o valor da vida, paga caro pra morrer!
Nina_2002/07/20