SETEMBRO, DEZENOVE.
setembro, dezenove,
um café, onze e tanto,
hoje é dia de qual santo?
faz sol, pouco, mas faz
e, pelo menos, por enquanto
não há sinais de chuva.
conto mentalmente os transeuntes
que, como os dedos de uma luva,
muito se parecem,
mas não se conhecem
e, quiçá, não se entendem
setembro, dezenove,
outra segunda-feira
onde o sol se retem diante da soleira.
tanta laje, tanto ferro,
que nomeio a fria sombra companheira
de jogo e prosa.
agora conto os carros,
táxis, furgões, caminhões de carga volumosa.
claro que não dançam,
apenas avançam,
apenas avançam.
setembro, dezenove,
daria um braço para que tudo zerasse,
para que pudesse receber um novo passe,
um novo lugar à janela.
como se bom fosse que o mundo acabasse,
para que voltasse nosso senhor.
enjoado dos carros, conto as horas,
mas elas não avançam com o mesmo fervor.
se amarram,
se agarram,
jamais se esparramam...