ESCREVO PRA NÃO MORRER

Brincar com as palavras por vezes rasga,

faz trincar a alma, faz desabar sonhos,

faz sangrar até secar.

É jogo de guerra, feroz e indomável,

que sacode o chão mais e mais. E mais ainda.

Por outro lado, é néctar divino, raro,

banquete que nunca extasia,

nunca esmorece, nunca enjoa.

É um duelo sem fim com meus fantasmas,

meus algozes, minhas farsas e alegorias.

Nessa catarse de gozos e quitutes,

arranco de dentro o que tenho de mais lindo,

de mais raiz, de mais podre também.

Uma miscelânea de gostos, remendos e gingados

são chamados à briga e assim dão asas ao show.

Os prazeres se sobressaem às rebarbas,

posso desnudar e destilar cada fiapo do que sou,

ou do que mais gostaria de ser.

Nesse delicioso voar é que colho o empurrão

que me leva adiante.

Até onde as palavras deixarem ir.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 18/09/2022
Reeditado em 19/09/2022
Código do texto: T7609083
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