#lucindanelremar AMANHÃ? TALVEZ...
A tarde vai escurecendo
o negrume me alcança
fecho os portões do sol
a lua tímida, não me olha
se as estrelas chegassem
ficariam sem luz a lhes acender
em plena madrugada coberta
de medo...
Não haverá tempo de se cobrir
de luzes da lamparina que fumega
no fogão de lenha...
Não há chão ou cama descoberta
só pura poeira que cobrem os pés
eles passaram pelas estradas mal feitas
Encolho-me sem pedaço de cama
meu desejo se espalha por terra e
divido com as formigas, migalhas de
pão...
Vou procurar dormir...Amanhã...Talvez...
O sol surgirá abandonando-me ás ruas
e eu quase nu olharei sem ser visto,
mãos espichadas aos que passarem por
mim sem me verem, ou pensarão ser um vulto
mal enjorcado, abandonado pela sorte...
Com sorte, jogarão uma moeda aos meus pés...
Amanhã passarei o dia, ou o dia passará por mim...
Relembrarei as noites frias e mal aquecidas...
Novamente meu lençol será pura poeira deste
chão que será um dia, minha própria lápide,
e aí mil luzes se abaterão sobre mim e finalmente
alguns me enxergarão como mais uma vítima não
sei de que ou de quem, mas serei...
A mim pouco importará, estarei nesse momento
degustando um belo sanduíche de nuvens adocicadas...
(17/09/2015)
Raimunda Lucinda Martins (Rai Lu/ Nelremar)