ENCASQUETOU DE VEZ
De rastro tombado
arrisco, descamado,
refiz meu pavio.
Fui chão absorto,
fui ventre esguio,
fui sombra atroz.
fui sei-lá-mais-o-quê.
Mas o tempo arteiro e caçador,
se esgueirou, escassou,
minguou de torpor,
de redentor,
Ressabiou o voo,
refastelou, cariou,
encasquetou de vez,
Daí o mar assustou, e como,
ficou acuado, retinto,
até sorriu afinal.
Do nada vieram anjos,
fugazes algozes de mim,
tinindo de felizes, de libertos,
atracados num vão qualquer.
Anjos, talvez, demônios,
numa debandada solene,
fugiram sem deixar rastro,
nem tampouco adeus.
Chorei como nunca antes,
descamei a alma, desmembrei o vento,
até sorri, como sorri.
Passaram reis, escassas alegorias,
passaram encardidos atrozes,
passaram poréns desmamados.
Então voltei à tona rendido,
sem desmandos corados, sem gozos calados,
desmorri como tanto quis,
Das vértebras assoando o alvorecer,
acolhi o querer-bem tão esperado,
o mais lindo como jamais tive,
como jamais mereci.