Pai
Pai que liga...
Pai ausente...
Pai que briga...
Pai presente...
O meu pai ainda é vivo.
Com ele não tinha conversa.
Era nervoso à revelia.
Sem saber usava psicologia reversa.
Quando estava em casa
todos viviam em tensão.
Qualquer barulho seria
motivo para discussão.
Uns sofreram mais
porque não aceitavam,
tanta rigidez e,
de frente enfrentavam!
Outros, mais espertos,
distância até tomavam.
Silenciosos até nos passos
e os pensamentos vagavam.
Mas isso só mostrava
sintomas de doenças.
Tanta raiva numa pessoa
e gosto por desavença!
O tempo foi passando
e as doenças aparecendo,
Alzheimer e Demência,
tudo foi se esclarecendo.
Fechadinho em seu mundo
olhar distante ou gemendo.
À sua volta nada percebe
e a fala foi perdendo.
Hoje olho para meu pai
e nem o reconheço.
Todos cuidamos dele
apesar dos tropeços.
Na certeza de sermos bons filhos
nosso pai queremos do lado.
Em nossa filosofia de vida
pai também é ser sagrado...