Pai

Pai que liga...

Pai ausente...

Pai que briga...

Pai presente...

O meu pai ainda é vivo.

Com ele não tinha conversa.

Era nervoso à revelia.

Sem saber usava psicologia reversa.

Quando estava em casa

todos viviam em tensão.

Qualquer barulho seria

motivo para discussão.

Uns sofreram mais

porque não aceitavam,

tanta rigidez e,

de frente enfrentavam!

Outros, mais espertos,

distância até tomavam.

Silenciosos até nos passos

e os pensamentos vagavam.

Mas isso só mostrava

sintomas de doenças.

Tanta raiva numa pessoa

e gosto por desavença!

O tempo foi passando

e as doenças aparecendo,

Alzheimer e Demência,

tudo foi se esclarecendo.

Fechadinho em seu mundo

olhar distante ou gemendo.

À sua volta nada percebe

e a fala foi perdendo.

Hoje olho para meu pai

e nem o reconheço.

Todos cuidamos dele

apesar dos tropeços.

Na certeza de sermos bons filhos

nosso pai queremos do lado.

Em nossa filosofia de vida

pai também é ser sagrado...

Maria Cristina Amaral Oliveira
Enviado por Maria Cristina Amaral Oliveira em 16/09/2022
Código do texto: T7607440
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