EXÍLIO

Reguei minhas margaridas...

Ato até repetitivo...

Olhei, porém, demorado,

teu retrato, carcomido,

pelo tempo, sobre a estante...

Flagrei-me em longo suspiro...

Até, sei, penalizada,

pelo tempo, que em seu giro,

fez-me seguir, conformada,

com o que ficou sem futuro...

Vaguei perdida na casa...

Busquei remotas lembranças

motivadas por presenças,

hoje, distantes, ou idas...

Revivi felicidades,

rendidas pela leveza,

que foram marcos, divisas,

de um tempo que já se foi...

Um pé lá e outro cá,

mais o miado do gato,

um café, pouco recato,

baguncei com minha vida...

- Quero o que amei de volta!

Dou asas para o que importa,

o resto eu desdenho, é nada!

Senão, eis o meu exílio...

Coração vai maltrapilho,

sem saber rumo ou estrada.