La Luna

Solta, despreparada

Acinte de uma vida

Sem esmero, puro reflexo

Destempero prematuro

Valentia desmedida

Um fio de cabelo a congelar

Um bico de gás saltado no ar

Uma busca de solidão e afins

Prego solto na mão, pura vendeta

Falta o brilho no olhar

Falta a falta que tudo faz

Quantas faltas mais faltarão

Colina da sorte, sorteado no ás

Pouco de espadas, pouco de ouro

O Camel aceso, neblina catumbi

Não há emoção que não vi

Todas as dores de partir

Plexo sem nexo, tomo o seu sexo

Cheiro de avenca, rosa e jasmim

Volto de longe, hoje, agora,

Quase não me ve chegar

Dormência de fim de tarde, quase noite

Minha vida a madrugada maldita

Uma folha de papel quase limpa

Sem pensar no que será este amanhã

Conversas ao fim, falas provincianas

Cantatas insaciáveis sempre ouvi

Poucas vezes eram verdades

Mas sempre estive perto de ti

Voando, voar, voando pelo mundo

Que eu mesmo escolhi

Mais cantilenas secretas

Desejos proibidos ao entardecer

O mundo como testemunha

O coração como resposta

E você a dizer não

Solidão é a que fica no tom de toda toada

Mais abalado na balada

Do lado sem luz

Foi Bethânia quem disse

Há não sei quanto tempo

O cantar via ficar

Marcando, marcado, mais uma vez

A vida é assim

E ninguém pode reclamar

Eu olho, e não escuto nada

No seu brilho da noite sem fim.

Peixão89

Faz parte do e-book "A Saga da Loba das Estepes".

Peixão
Enviado por Peixão em 24/03/2005
Reeditado em 17/06/2005
Código do texto: T7604
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