Escotoma
Aos quatorze fui acometido
no coração e na cabeça pela dor.
A de coração eu até já tinha tido
só que dessa vez era pior.
A novidade era outra,
uma dor que começava na vista: um ponto cego,
a realidade virava um quebra-cabeça sem uma peça.
Esse ponto cego, um escotoma,
se tornava a única coisa que eu via,
como uma miragem que crescia
bela, vibrante e cheia de cores
mas a única coisa que trazia eram dores,
como a garota que eu gostava,
que tinha dezesseis e um escotoma no coração
e não via que eu era a peça que lhe faltava.