À Procura

Desejo ir atrás, não apenas do que não sou, mas do que sou. Ao invés de ser compreendido, quero ser odiado pelo que não entendem. Construir meu próprio mar. Ir além com minhas marés.

Enfrentando minhas vicissitudes e torpezas.

Como um instante que não volta, amo cada grão de areia. Abraço meus demônios.E em cada aperto do peito sinto uma esperança.

“Não cobre dos outros o que pode ser dado por você” ー ouvi falarem e coloquei em prática com certo dissabor, pois só minha dor me faz crescer.

Aceitei minha insignificância, abracei meu egoísmo esperando todos os suprimentos que apenas eu mesmo poderia oferecer.

Meu corpo construiu essa ideia em sua estrutura.

Guerreei. Até os poros suados pareciam comunicar o que a mente ansiava. Sangue solto não é resultado espontâneo. Nem gratuito. É trabalho dos olhos internos que não descansam. Precisei me libertar pra entender. Abandonei o mundo. Me tornei uma figura desconhecida. Um Zé Ninguém alheio. Passei a me pertencer. Meu algoz. Meu juiz.

Sou também as culpas.

Nas vezes que falei demais também calei por dentro.

Mas naquela vez o meu silêncio foi necessário.

Encontrei algo sem conclusão

Ele tem olhos. Boca. Pele.

Dedos longos que escrevem.

Entretanto, não consegui defini-lo por completo.

Conhecimento interno é seu nome.

E o seu nome é o meu.

09/08/22