Tempo Lobo

Seria um lobo solitário

São tantas as cordas, tantas as vozes

Um grito uníssomo no tempo

Outra voz, sim, outra voz

Rebatida, repartida e ilhada

São Ilhas de uma mesma música

Entoadas em forma de pequenas odes

Para Lua, para Lua,

Em cada nota, um sinal de aviso

Final de um tempo esquecido na memória

Sim, na memória

Morte ingrata de todas as vozes do passado

Mas o passado nos importa

Nos expressa, nos reabilita

Glórias cantadas em si, em mi, em ré

Em uma nota qualquer

Pois o tempo corre, corre, fugídio

Mas não nos livramos dele

Ficam as dores, os horrores,

Os louvores, os amores,

A falha, a palha, a marca dessa garra

Lobo solitário, mas tragado em si

Em todos, em tudo, em tudo

Na vida, na morte, hoje, ontem e sempre.

Peixão89

Faz parte do e-book "A Saga da Loba das Estepes".

Peixão
Enviado por Peixão em 24/03/2005
Reeditado em 17/06/2005
Código do texto: T7600
Classificação de conteúdo: seguro