O VAZIO DA SAUDADE.
Raios de sol sobre
O orvalho senil da relva,
O ruído do meu avô raspando
a goela,
O rouco ruído da pedra ralando
o milho,
O canto do canário no telhado,
O novo dia se impondo,
Batendo as botas como um capitão.
Entre o vão das árvores
A brisa rema inquieta ,
seu frescor congela o sangue,
O frio resquício da madrugada
Eriça os pelos , comove a pele virgem,
E assim todas fantasias
da noite vão dando adeus.
Um anu preto rasa voo
sobre a ramagem da imaginação,
Tudo se perpetua na saudade,
Dói demais,quando o destino
Impiedoso arranca as raízes.
Morre neste resto de madrugada
as últimas quimeras de um dia poder
deliciar do banquete que se serviu
na infância.
Enquanto isso umas lágrimas
apontam nos olhos já bem cansados,
Tudo agora é só imagens,
Isso dói, dói demais a lembrança ,
do tempo inocente do passado.
Não há mais jeito
O tempo se foi de fininho,
Como as águas de um rio
Que escapou de um lago.
Resta apenas, agora é sempre,
O vazio desta saudade.